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20 de junho de 2013

' o ar encheu-se de Pensamentos e Coisas para Dizer '


Kimchi e Korean Tartar, no Izakaya do Umai, a 1 de Junho de 2013


 " Maio em Ayemenem é um mês quente e abafado. Os dias são longos e húmidos. O rio estreita e corvos pretos devoram mangas reluzentes nas árvores imóveis no seu verde-pó. Bananas vermelhas amadurecem. Jacas rebentam." 


  Dia de Mercado, no Umai, a 6 de Junho de 2013


" As noites são límpidas, mais inundadas de ócio e de soturna expectativa. Porém, no princípio de Junho, a monção sudoeste irrompe e principiam três meses de vento e água, com pequenas abertas de sol brilhante que crianças excitadas aproveitam para brincar. O campo cobre-se de um verde atrevido. As fronteiras esbatem-se à medida que as sebes de tapioca ganham raiz e florescem. Muros de tijolo cobrem-se de verde-musgo. As pimenteiras serpenteiam pelos postes de elecricidade. Trepadeiras silvestres rebentam por entre as margens de laterite e galgam as estradas inundadas." 



Dia de Mercado, no Umai, a 6 de Junho de 2013


 "Faixas ferozes de amor apertaram-lhe o peito até mal conseguir respirar. (...)
Quando se fartaram de esperar, os cheiros do jantar, treparam pelas cortinas acima e escaparam-se pelas janelas do Rainha do Mar para dançar pela noite dentro sobre o mar"
 ~ Arundhati Roy, O Deus das Pequenas Coisas, pp.13, 115 e 116


18 de junho de 2013

' choramos os nossos risos '



já há 3 anos que o desenho.

mais uma noite que soube a um abraço de quem " deu aos seus braços a forma de quem abriga ".
nada mais, preciso dizer: " silêncio é de ouro, mas só / lingote austero / quando auguro ouvir-te a voz."



Samuel Úria com o " O Grande Medo do Pequeno Mundo ", na Sala TMN ao Vivo, a 24 de Maio de 2013



14 de junho de 2013

寿司




Restaurante Bonsai, Sushi Moriwase, Genmai, Tekka, a 25 de Maio de 2013


 " O coração sempre me intrigou. O coração real (...) Ao olharmos os outros ou ao vermo-nos ao espelho deparamo-nos com corpos simétricos em relação a um plano vertical: olho direito e olho esquerdo, nariz e boca centrais, braço direito e braço esquerdo, umbigo e sexo centrais, perna direita e perna esquerda. Tudo o que é visível em nós existe aos pares - direito e esquerdo - ou então posiciona-se de forma simétrica ao centro.
Menos o coração. 

É verdade que o coração não se vê. Mas sente-se. Existem outros orgãos dentro dos nossos corpos a baralhar a simetria interior mas o coração é o único que se faz sentir de forma constante e contínua do lado de fora: pum-pum, pum-pum, pum-pum. E ainda mais intrigante do que o coração, o espaço que lhe correspondia no lado oposto do peito. "



 Restaurante Bonsai, Macha Tiramisu, a 25 de Maio de 2013 


" O que existiria ali? Aparentemente um vazio silencioso, indiferente à simetria que o resto do corpo parecia reclamar. " 
 ~ Dulce Maria Cardoso, Granta, p.19




4 de junho de 2013

' rayito de luna '



- Olhos, só os quero os da minha Mercedes - segredou o guarda. - Grandes como as estrelas e cor de chancaca* !
~  Mario Vargas Llosa, Lituma nos Andes, p.155.

* Chancaca- Doce peruano, cujo nome é de origem quechua, confeccionado com mel.




2º Festival : Os Olhos Também Comem - Comida Peruana, na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, 30 de Maio de 2013 



" Como o pisco, a música ajuda a entender as verdades amargas. (...) 
Cantar um huaynito com sentimento, abandonando-se uma pessoa, deixando-se ir, perdendo-se na cantiga, até se sentir ser ela, é caminho de sabedoria.
Sapatear, sapatear, rodopiar, ir movendo a figura, fanzendo-a e desfazendo-a sem perder o ritmo, esquecendo-se uma pessoa de si, deixando-se ir, até sentir que a dança a está a dançar, que a dança se lhe meteu dentro, que a dança manda e a pessoa obedece, é caminho de sabedoria.
O resto do tempo estás preso (...)"

~   Mario Vargas Llosa, Lituma nos Andes, p.226.